O terceiro tema - Análise de dados - abriu a 15 de Janeiro, tendo a Professora disponibilizado um recurso com o objectivo de nos orientar na análise das entrevistas. Foi-nos pedido que aplicássemos a análise de conteúdo às entrevistas efectuadas, recomendando-se que fizéssemos, primeiro, uma leitura "flutuante", isto é, geral, para termos uma ideia geral da "conversa" e começar a ter uma primeira ideia. Depois deveríamos começar a assinalar partes das respostas que permitissem pensar numa categoria que se traduziriam nas unidades de registo dentro de uma unidade de contexto onde se situasse a "fala" do respondente.
Num terceiro momento da análise, deveríamos aplicar este processo a toda a entrevista, não nos preocupando se parecesse haver muitas categorias. Trabalhada a entrevista, era-nos sugerido que voltássemos atrás e procurássemos ver se as categorias seriam de facto diferentes. Caso isso não acontecesse, o passo seguinte seria renomeá-las e reorganizar as categorias. Na quinta etapa deveríamos voltar novamente ao que já tínhamos feito e procurar ver se as categorias se "encaixavam" em categorias mais gerais e, nesse caso, criaríamos as categorias gerais e consideraríamos as primeiras como subcategorias. Por fim, teríamos que rever todo o trabalho. Esta parte seria feita por cada um que tivesse feito a entrevista. A seguir passaríamos para uma fase de validação inter-investigadores da análise feita.
Sugeriu-se ainda como bibliografia base para a realização desta actividade a leitura de Bardin, L. Análise de conteúdo
Pela descrição é fácil de verificar que esta tarefa não era simples. E, de facto, pelas intervenções no Fórum, foi uma operação que demorou algum tempo e exigiu de nós um trabalho bastante meticuloso.
Fiz a minha primeira participação no Fórum aberto para trocar ideias e ficheiros sobre a análise das entrevistas, no dia 23 de Janeiro e pelo teor da participação é evidente a dificuldade que estava a ter na execução da tarefa:
Bem, ao contrário do que previ, ainda não consegui concluir a análise. No entanto, deixo o que já está feito a fim de saber se posso continuar, isto, porque esta é a 2ª grelha que preencho.
Comecei, na primeira, por registar as subcategorias que ia encontrando. Depois as unidades de registo e a seguir a unidade de contexto. Entretanto, apercebi-me que ao longo da entrevista apareciam unidades de registo que encaixavam em subcategorias já identificadas... A grelha começou a ficar confusa.
Recomecei.
Na entrevista, vou identificando as unidades de registo com cores , cores essas que correspondem a subcategorias. Transcrevo para a grelha todas as unidades de contexto onde assinalei as unidades de registo. Indico as subcategorias. Ainda não identifiquei as categorias, nem o tema.
Poderia, Professora, dizer-me se devo manter este procedimento?
O feedback da Professora foi muito importante, particularmente neste ponto em que afirmo: Entretanto, apercebi-me que ao longo da entrevista apareciam unidades de registo que encaixavam em subcategorias já identificadas... A grelha começou a ficar confusa.
A professora esclareceu que isso poderia acontecer que apenas quereria dizer, apenas, que o entrevistado se tinha repetido com as mesmas ideias no contexto de outra pergunta. Sugeriu-me que, quando isso acontecesse, essas unidades de contexto e de registo deveriam ser colocadas na subcategoria onde já tivesse outras.
Retomei o trabalho, seguindo, tendo em conta as observações da Professora. E, no dia 31 de Janeiro dei por terminada a tarefa, ainda que sentisse que o trabalho não estava, de facto, concluído,tal como se pode verificar pela minha intervenção:
Afinal, não foi a meio da semana. Só agora terminei o trabalho que aqui deixo.
Tenho a sensação que a tarefa não está concluída. Mas ainda assim, já cheguei a duas conclusões:
1º - Não consegui pôr o meu entrevistado a falar sobre o que sente pelo facto de ter uma amiga que está a frequentar um curso de Ensino a Distância;
2º - Ao contrário da ideia que tinha, este meu amigo desvaloriza imenso o EaD. Falamos com alguma frequência sobre o Curso e tinha até a percepção de que ele era favorável à minha frequência do Curso, nesta modalidade de Ensino. Pela análise, parece que essa minha percepção estava errada.
Professora, mantive as suas sugestões de subcategorias e acabei por integrar ,como subcategoria, a questão da idade. De facto, ao longo da entrevista é relevante a importância que o entrevistado dá à questão da geração, podendo dizer-se que há, de certa forma, uma tentativa implícita de justificar a sua opinião por esse facto.
Publiquei
aqui [ http://www.scribd.com/doc/28059320/Analise-de-Conteudo-Entrevista] a análise efectuada. A grelha usada foi disponibilizada pela Professora na Plataforma Moodle.
A 2 de Fevereiro deu-se início à segunda etapa desta actividade: validação inter-investigadores da análise feita.
No post inicial da apresentação da tarefa a Professora descreveu-nos o processo que deveríamos seguir, explicando-nos, em simultâneo, a necessidade deste procedimento na análise de conteúdo e que passo a transcrever, pois parecem-me indicações bastante importantes e que de alguma forma justificam a minha sensação e trabalho inacabado, quando concluí o trabalho de análise de conteúdo:
1) fazer análise de conteúdo, por muito objectiva que seja, é já um tratamento de dados; a sensibilidade e a experiência do analista é uma questão a ter em conta;
2) em regra o analista procura ver se a sua codificação é estável ao longo do tempo; para isso, faz uma primeira análise, coloca de lado o trabalho e mais tarde torna a fazer a análise para ver se as suas categorias (e sub..) resitiram ao tempo - está aqui em causa a questão da fidelidade intracodificador;
3) para tornar a sua análise mais objectiva, pede a um especialista que analise a sua própria análise - fidelidade intercofidicadores.
Na realização prática da dissertação, é muitas vezes o orientador que ajuda a fazer o ponto 3, mas pode ser outra pessoa.
No processo de validação inter-investigadores da análise feita, trabalhei directamente com o
Pedro Teixeira. Trocámos os documentos e optámos por, apesar de se privilegiar a comunicação assíncrona, trocar as opiniões sobre o recorte que cada um tinha feito à entrevista do outro comparando com a do próprio, através do Googletalk em dois momentos com a duração de cerca de hora e meia cada. Encontrámos algumas discrepâncias e procurámos perceber a sua razão.
Na discussão houve ainda um terceiro momento: Análise das entrevistas -ponto da situação. Iniciou no dia 16 de Fevereiro. A Professora fez o ponto da situação e nesse discurso levantou as seguintes questões que deverão acompanhar o trabalho de análise de conteúdo:
Como é que sabemos que a análise de conteúdo foi bem feita? Quando procuramos fazer a interpretação completa do que foi dito á luz dos objectivos que tínhamos; ou seja, a análise feita serve para nos ajudar a fazer inferências sobre o que foi dito na entrevista. Somos capazes de fazer uma leitura global sobre o que foi dito na totalidade, à luz do que pretendíamos saber? É possível comparar depois com outros casos de sujeitos também submetidos a uma entrevista igual? Qual o padrão que emerge do que foi dito?
Atendendo ao facto de ter concluído a tarefa revelando sinais de insatisfação pelo trabalho feito, uma vez que me parecia inacabado, reflecti sobre as questões apresentadas pela professora e fiz duas intervenções no Fórum:
1ª Intervenção - Análise das entrevistas - verificação
Segunda, 22 Fevereiro 2010, 06:35 Bom, procurei, partindo das orientações que transcrevo, em cima, [Questões que refiro anteriormente a propósito do ponto da situação feito pela Professora] verificar se a análise do conteúdo feita à minha entrevista fora bem feito.
Defini como objectivos as três questões de investigação:
1)O que pensam pessoas que nunca tiveram experiência de ensino a distância sobre esta modalidade de ensino?
2) Como é que valorizam e/ou desvalorizam o ensino a distância?
3) Como é que sentem o facto de ser amigo de um estudante de mestrado em Ensino a Distância?
Para perceber se o primeiro objectivo - saber o que pensava o meu amigo sobre o EaD - fora atingido, considerei duas das categorias por mim identificadas: Definição de EaD e processos de aprendizagem em EaD. Identifiquei para a primeira categoria três subcategorias e para a segunda seis subcategorias.
Da leitura que fiz da análise da primeira categoria, concluí que o meu amigo define EaD como sendo um recurso e associa repetidamente o EaD à teleescola. Nesta definição é também relevante a recorrência ao factor geração para justificar a sua opinião.
Quanto à segunda categoria - processos de aprendizagem em EaD - o meu amigo, considera que o EaD se desenvolve pela leitura, eventualmente com o recurso a Fóruns e realça, nas competências dos alunos e professores as competências técnicas e a auto-disciplina.
Portanto, julgo que posso afirmar que, na sua opinião, o EaD é um recurso associado à teleescola onde o processo de aprendizagem se faz pela escrita, tendo professores e alunos que ter determinadas características, neste caso, domínio técnico e autodisciplina.
Em relação ao segundo objectivo, consegui definir, para a desvalorização do EaD, duas categorias: Caracterização do EaD e EaD vs ensino presencial.
No que respeita a valorização do EaD, encontrei duas categorias: EaD e outras modalidades de ensino a distância e Razões para a escolha de um curso EaD.
Em relação à primeira categoria, pela forma como caracteriza o EaD, o meu amigo considera esta modalidade de ensino algo menor. Foram 4 as unidades de registo que consegui identificar como indicador da subcategoria EaD - algo menor. Ainda na caracterização do EaD, outra subcategoria identificado foi a Ausência de credibilidade da avaliação em EaD.
Quanto à segunda categoria - EaD vs ensino presencial -, a subcategoria por mim identificada foi Menor interactividade que no ensino presencial, portanto, nessa comparação está presente a desvalorização do Ead face ao ensino presencial.
Ainda no segundo objectivo, foi possível identificar duas categorias que resultaram noutro tema: a valorização do EaD. O meu amigo distingue, neste ponto, no EaD, o ensino online das outras modalidades de ensino a distância, valorizando o ensino online. Outros elementos de valorização são a questão geográfica e flexibilidade de horários que considerei subcategorias da categoria Razões para a escolha de um curso EaD, incluindo ainda nesta o factor idade como razão para escolha de um curso EaD.
Logo, quanto ao segundo objectivo, o meu amigo desvaloriza o EaD face ao ensino presencial, valorizando o ensino online em relação a outras modalidades. É também dada importância ao facto do EaD permitir a frequência de cursos às pessoas condicionadas que idade, horários e questões geográficas.
Em relação ao terceiro objectivo, revista a entrevista e reanalisada a análise, continuo com a mesma percepção que deixei aqui: Não consegui pôr o meu entrevistado a falar sobre o que sente pelo facto de ter uma amiga que está a frequentar um curso de Ensino a Distância.
Do meu propósito inicial, só me falta verificar com outros casos. Deixarei para mais tarde. [Preciso de ir descansar um pouco] De qualquer forma, Professora, gostaria de saber se esta poderá ser uma forma de verificar se entrevista foi bem feita. Porque, neste momento, em todo este processo, sinto-me bastante insegura, quanto ao trabalho realizado até agora.
2ª Intervenção - Análise das entrevistas - verificação / à procura de um padrão
Terça, 23 Fevereiro 2010, 04:11
Muito obrigada pelo feedback. Garanto-lhe que foi importantíssimo.
Passarei agora a apresentar o resultado da comparação que fiz com outros casos. Neste caso, optei por comparar apenas com outro caso e escolhi, precisamente, a interpretação e a análise da entrevista da
M.ª de Lurdes. Para isso usei os documentos disponibilizados na plataforma.
Na percepção sobre o EaD, a entrevistada da M.ª de Lurdes considera o EaD um recurso. Esse é um elemento que, apesar de ter sido categorizado de forma diferente, comparando com a análise feita à minha entrevista, é comum. Outro aspecto que também é comum, apesar de não estar expresso na interpretação, mas que me interessa referir para procurar justificar a existência de um padrão, é o facto da entrevistada da M.ª de Lurdes ter referido, na entrevista, a TV como forma de EaD. Recordo que, nas conclusões que fiz em cima, esse foi um dos aspectos que identifiquei na entrevista do meu amigo: o facto dele identificar o EaD com a Teleescola, logo, TV. O meu amigo tem 44 anos. A entrevistada da M.ª de Lurdes tem 47. Talvez aqui seja possível encontrar um elemento comum - a geração.
Outro aspecto que me parece ser comum às duas entrevistas, ainda que categorizados de forma diferente, prende-se com a ausência de credibilidade da avaliação em EaD. Na minha análise esse aspecto foi categorizado na Caracterização do EaD, dentro do tema da desvalorização do EaD, enquanto que na análise da entrevista da Maria de Lurdes aparece na sequência do tema Credibilidade do EaD, no entanto, a subcategoria é muito semelhante: Falta de fiabilidade na avaliação a distância, na entrevista de M.ª de Lurdes, Ausência de credibilidade da avaliação em EaD.
No que respeita, a caracterização, quer do aluno, quer do professor, encontrei alguns aspectos similares, mas não foram suficientes para tirar conclusões finais. Talvez analisando outras entrevistas. Mas penso que vou ficar por aqui. Tenho de passar à próxima tarefa. piscar
Antes de ir, quero deixar ainda a seguinte reflexão, desta vez sobre o pormenor quanto à última parte do meu post anterior. Tenho estado a pensar se o facto de ter feito a entrevista pelo messenger terá permitido ao meu amigo fugir à questão. Isto porque eu fiz a pergunta, mas, pela resposta (Acho que fazes bem.) achei que não deveria explorar mais. Fiquei com a sensação que o meu amigo não queria dizer mais do que já tinha dito. Pergunto-me se a presença física poderia ter provocado outro tipo de resposta...