quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Discussão sobre processo de investigação (Parte I)


Estando a segunda discussão, em Fórum, a terminar, considerei, mais do que pertinente, necessário, deixar aqui o registo da minha participação no primeiro Fórum de discussão, dedicado à discussão geral sobre os assuntos em estudo no Tema 1 - Processo de investigação.
Descrevo, sumariamente, a minha participação no que respeita a contribuição para a discussão e domínio dos conteúdos, usando, como forma de ilustrar as participações no Fórum, total ou parcialmente, que por uma questão de distinguir  ficarão em destaque em fundo rosa claro.
Num dos temas / problemáticas aberto - Paradigmas e métodos de investigação em Educação - intervim no momento em que a Professora, fazendo um ponto da situação, nos sugeriu que fizéssemos a distinção entre paradigma e método.
Na sequência dessa solicitação e procurando enriquecer a prestação de uma colega, escrevi o seguinte:
O paradigma é o referencial para a investigação. Consoante os motivos que levam o investigador a desenvolver a sua pesquisa, teremos 3 paradigmas passíveis de ser seguidos:
 - Paradigma quantitativo / positivista - interessa-se por controlar e prever os fenómenos;
 - Paradigma qualitativo / interpretativo - interessa-se por compreender;
 - Paradigma crítico/emancipatório / sócio-crítico - interessa-se por intervir na situação ou contexto.
A razão pela qual escolhi esta referência, como ponto de partida para a minha intervenção, tem a ver com a forma como a autor estabelece a ligação entre o paradigma e o método. Parece-me bastante clara e, distinguindo entre paradigma e método, esclarece-nos quanto à relação entre os dois conceitos, sendo que método será a forma, a ferramenta, que o investigador usa. Por isso, penso que fará todo o sentido que, se o paradigma for quantitativo, o método seja também quantitativo, por exemplo.

Na passagem do nível paradigmático para o estritamente metodológico e sem preocupações por um estabelecimento de correspondências directas paradigmas/orientações metodológicas, digamos que a maioria dos autores consultados coincide numa proposta de classificação semelhante à adoptada e que passa pela distinção entre estudos quantitativos, estudos qualitativos e estudos que, por envolverem características híbridas ou por não se integrarem em qualquer uma das categorias anteriores serão designados por estudos mistos. (pp. 3, 4)

Este registo foi construído com base na seguinte comunicação: Aspectos metodológicos da investigação em tecnologia educativa em Portugal (1985-2000).

Na outra problemática aberta -  As etapas do processo de investigação -, de novo, após uma intervenção da professora, procurei responder à questão colocada (saber se todo o investigador social tem de definir e partir de hipóteses) com base nas leituras feitas, no entanto, e porque, na altura, não senti necessidade de reler a reflexão que fizera e cujo registo já publicara, inclusive aqui, respondi afirmativamente. Um dos colegas interagiu comigo, levando-me a sentir necessidade de reler o texto e confirmar que, de facto, a minha participação não estaria bem fundamentada já que os autores a que me reporto não consideram que o investigador tenha de definir e partir de hipóteses. Isto é, quando escrevo "...com base nesta referência, parece-me que a resposta é afirmativa uma vez que nessa fase divergente se abre um leque de hipóteses que depois são filtradas na segunda fase - a convergente...", baseei-me na tradução que fiz do seguinte excerto: The divergent phase will open up a range of possible options facing the researcher, whilst the convergent phase will sift through these possibilities,. Ora, eu traduzi a range of possible options por um leque de hipóteses  . Parece-me que a minha conclusão terá sido precipitada, uma vez que traduzi por hipótese  aquilo que deveria ter sido traduzido, provavelmente, e seguindo um tradução mais à letra por opções. Assim, a observação do colega foi bastante pertinente e permitiu que eu revisse as minhas leituras.

De facto, e se tivermos em conta que para esta discussão nos foi indicada a leitura de um  estudo de caso (Alves, A. (2007). E-Portefólio: Um estudo de caso), a resposta à questão levantada pela professora deveria ter sido negativa.  Sendo o estudo de caso uma  abordagem metodológica de investigação, cujo objectivo geral será explorar, descrever, explicar, avaliar e/ou transformar, o investigador social não tem de definir e partir de hipóteses.

No capítulo intitulado Language of Research, Trochim (2006), quando define hipótese escreve o seguinte:

An hypothesis is a specific statement of prediction. It describes in concrete (rather than theoretical) terms what you expect will happen in your study. Not all studies have hypotheses. Sometimes a study is designed to be exploratory (see inductive research).

Portanto, um estudo de carácter exploratório do tipo indutivo não se define a partir de hipóteses. Na tese analisada, esse aspecto está bastante claro no Capítulo 3 – Metodologia adoptada e descrição do estudo, quando a autora explica as razões da adopção do estudo de caso único como desenho de investigação, justificando a opção metodológica (pág. 104):
 
A nível metodológico, esta investigação baseia-se no método indutivo uma vez que se pretende estudar o desenvolvimento da implementação do portefólio de uma forma sistemática e holística, à medida que os dados emergem.

Parece-me que esta última reflexão deveria ter sido efectuada, na altura da discussão. Poderia ter valorizado a minha participação no Fórum e proporcionado  eventuais feedbacks dos colegas.


Publicarei, ainda sobre a discussão deste tema, outro post, desta vez sobre os fluxogramas elaborados pelas várias equipas - uma leitura que fiz, após um repto lançado pelo Professora no contexto da Análise das etapas planeada.
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