segunda-feira, 8 de março de 2010

Discussão sobre métodos e técnicas quantitativas de recolha de dados - Parte II

Na outra raiz da discussão sobre métodos e técnicas quantitativas de recolha de dados, a discussão teve início, também, a 16 de Novembro de 2009. Na abertura do espaço, a Professora colocou-nos três questões:
1) o e-investigador utiliza questionários endereçados pelo correio? Entregues para preenchimento presencial?

2) vantagens e desvantagens da utilização de questionátios online versus questionários "presenciais" ou em papel?

2)Questionários online: que ferramentas?
Fiz a minha primeira intervenção no dia 18 de Novembro de 2009 e debrucei-me sobre a questão de fiabilidade da utilização de e-questionários:

Talvez fugindo um pouco às questões em discussão, ou talvez não, vou começar a minha intervenção por citar um excerto do trabalho referido pelo Luís e que explorei (obrigada Luís, pela partilha no MICO grande sorriso):
Uma das instituições, para quem tinha sido enviado o inquérito por e-mail, respondeu-nos referindo: “Lamentamos informar mas o documento que enviou por e-mail não foi reconhecido. Deverá enviar o mesmo através dos correios e devidamente assinado. (…)” (pág. 10)
Este episódio é referido pelos autores como sendo uma curiosidade, no capítulo dedicado à 2. Metodologia de recolha de dados on-line.
Quanto li esta curiosidade, lembrei-me de ter lido sobre a necessidade de autenticação da assinatura no papel, no artigo Ethical Issues in Qualitative E-Learning Research (Heather Kanuka and Terry Anderson, 2007). Escrevem os autores, a propósito da autenticidade e consentimento:
In some cases consent is implied by the completion of a survey or questionnaire. Normally a signatureauthenticates consent; however, many potential research participants do not use digital signature technologies that insure encryption and authentication. Thus, education researchers who are collecting e-mails or Web forms, in a technical sense, are more likely to be subject to “erasure and corruption through power drops, operator error, etc.” (Ess, 2002, p. 6) as well as identity deception (Frankel & Siang, 1999). Bruckman (2002) recommended that electronic consent should be obtained only if “the subjects are 18 years of age or older. The onlineconsent form steps people through each sub-element, one at a time. The risks to subjects are low. Otherwise, consent must be obtained with a signature on paper
Portanto, se, numa primeira leitura, me parece quase óbvio que um e-investigador não utilize questionários endereçados pelo correio e / ou entregues para preenchimento presencial, depois de reflectir sobre questões como o consentimento dos participantes e como garantir a confidencialidade e anonimato em questionários feitos online, pergunto-me se a utilização de e-questionários nos garante a fiabilidade do processo de recolha de dados.

No dia seguinte, 19 de Novembro de 2009, voltei a participar, acrescentando ao conteúdo da entrada anterior mais elementos, no sentido de procurar discutir sobre a fiabilidade do processo de recolha de dados pelo uso de e-questionários: 
Na referência que já aqui fiz algumas vezes, Manuela Hill e Andrew Hill (2008), no capítulo 15, a propósito do Relatório sobre a Investigação, e em particular na parte do relatório que refere os métodos de investigação, no que respeita o questionário, podemos ler o seguinte:
São frequentes as pessoas que não confiam muito nas conclusões baseadas em respostas dadas a um questionário e, portanto, nesta secção do trabalho, o autor tem de persuadir o leitor de que o seu questionário foi construído de modo que o leitor possa confiar nos resultados e nas conclusões obtidas por aplicação do mesmo (p. 350).
Mais à frente, e depois de terem sido indicados alguns pontos que devem ser incluídos a fim de explicar como se desenvolveu o questionário, quando referem a recolha de dados, os autores indicam seis aspectos que deverão ser incluídos na descrição desse processo.
Por exemplo, a forma como os respondentes receberam o questionário, a indicação da forma como o questionário foi respondido, se o questionário foi respondido na presença de um intermediário, a indicação de existência ou não de uma relação de dependência entre intermediário e o respondente, quais as precauções tomadas para assegurar, na mente do respondente, a natureza anónima das respostas, caso se trate de um questionário anónimo.
Não indico todos os aspectos, uma vez que me parece que estes serão suficientes para formular a minha dúvida.
Será que, usando um questionário online, temos ferramentas que nos permitam garantir uma resposta a estas questões / aspectos?
Sei que, de certa forma, retomo a linha de pensamento que já aqui deixei registada na minha anterior participação, mas gostava de discutir convosco esta questão, pois sozinha não estou a ser capaz de lhe responder.
Neste ponto da discussão, o colega Joaquim Lopes referiu que num questionário online não é possível sabermos a forma como o inquérito foi respondido e citando Cohen et al (2007), quanto ao anonimato, sugere que se use Direct respondents to a web site em vez do email, acrescentando haver estudos que referem que inquéritos em que se pede o endereço de email há uma maior taxa de pessoas que não enviam os dados.
De seguida, contrapus:
Sábado, 21 Novembro 2009, 02:34
De facto parece que a utilização do email como recurso para solicitar a participação em questionários não será a melhor escolha...
Por outro lado, no artigo cuja referência o Joaquim faz em cima na sua participação de 19 Novembro (22:15) - Zhang (Zhang, Y. (1999). Using the Internet for Survey Research: A Case Study, o autor escreve:
Mailing lists and newsgroups can be used efficiently to reach potential respondents because their subscribers usually share common interests or concerns. In most previous studies, questionnaires were sent to multiple mailing lists and/or newsgroups that were most likely to include the target individuals.
E isso fez-me lembrar que durante o curso já respondi a dois questionários, um por sugestão de um dos professores de uma uc do 1º semestre e outro por solicitação de um 'amigo' no facebook. A questão que me coloco é: será que se os questionários me tivessem chegado por mail eu não responderia?
Outra que entretanto por surgiu agora é: serão as redes sociais um recurso a ter em conta para a aplicação de questionários online?
Outra questão ainda que me tenho colocado, depois de ter lido a participação da Sandra Brás de 18 Novembro 2009, a propósito do trabalho que Paula Flores está a desenvolver no campo das TIC na Educação, e da opção por fazer o inquérito em papel, porque na altura os professores estariam muito ocupados, leva-me a perguntar se não teria sido preferível, então, ter aplicado o inquérito noutra altura, já que a investigação está a ser desenvolvida no campo das TIC.
E continuo sem conseguir dar uma resposta definitiva ao primeiro ponto de discussão: 1) o e-investigador utiliza questionários endereçados pelo correio? Entregues para preenchimento presencial? grande sorriso 
De novo, o Joaquim Lopes interveio, esclarecendo um ponto que na minha anterior participação estaria menos claro e que se prendia com o facto do e-mail ser usado apenas para convidar as pessoas a participar. Em relação à minha dúvida, manifestada no último parágrafo, escreveu o seguinte: eu arrisco dizer que não faz sentido um e-investigador utilizar questionários pelo correio para serem preenchidos presencialmente, referindo que desta forma estaríamos a responder à primeira questão colocada pela professora.
Na sequência destas intervenção, levantei, então, outra questão que se prendia com o domínio das TIC:
Terça, 24 Novembro 2009, 00:44
(...)E aqui eu ouso levantar ainda outra questão. Vamos imaginar que os dados que sejam solicitados num determinado inquérito que pretende recolher dados sobre a utilização do mail como forma institucional de comunicação numa escola é entregue em papel. Nesse questionário, uma das questões é: Tem e-mail? Outra é: costuma usar?
Agora imagina esta situação: uma pessoa tem e-mail, mas não usa directamente, isto é, alguém, por si, que não está no mesmo espaço geográfico, abre o e-mail, imprime as várias mensagens e envia-a por correio (CTT) para a primeira pessoa.
Ora, se essa primeira pessoa respondesse ao inquérito em suporte papel iria, provavelmente, responder que tinha conta e que usava. O que é certo é que apesar de ter conta não usava. Logo, se o inquérito fosse enviado por mail para ser devolvido por mail ou respondido numa aplicação online, não participaria.
Esta parece uma situação absurda, mas garanto que não se trata de ficção. sorriso
Portanto, como prevenir situações destas? Ou, enquanto e-investigadores, deveremos limitar-nos aos utilizadores da web nas nossas pesquisas?
Uma vez mais, o Joaquim Lopes, interagiu comigo e apontou, como resposta à minha última questão a listagem das  mais óbvias manifestações de e-pesquisa, de acordo com Anderson e Kanuka (2003).
Ainda assim, não fiquei satisfeita e insisti:
Quarta, 25 Novembro 2009, 19:51
(...)A minha questão não se prende com as vantagens e desvantagens, mas sim em saber se, enquanto e-investigadores devemos ter como universo apenas os utilizadores da web.
Concretizando: nós estamos a fazer um curso de mestrado em e-learning e iremos apresentar uma tese, caso optemos por usar, por exemplo, o questionário para recolha de dados, deveremos usar para amostra apenas os utilizadores da web, usando, por isso, questionários online, ou mesmo usando utilizadores da web, devemos usar questionários em papel?
Isto é, para além de aqui iterarmos as vantagens e desvantagens da utilização o que eu pretendia discutir e tentar encontrar uma solução sobre qual o procedimento mais adequado, atendendo ao facto de estarmos a fazer um curso online e estarmos precisamente a discutir esse assunto.
É um facto que estamos a falar da utilização da Internet e parece que será para todos óbvia a utilização de questionários online. No entanto, na prática, temos, no caso da tese que analisámos e cuja temática era, precisamente, a utilização da internet no processo de construção de conhecimento, um questionário em suporte papel que foi distribuído. Não é justificada , pela autora, a razão pela qual não se usou e-questionários. E temos, ainda, o caso apontado pelos José Carlos, Mónica, Paulo e Sandra da investigadora que optou pelo suporte papel por uma questão de calendário escolar.
Portanto, devemos ou não, para recolha de dados, usar o e-questionário, sendo e-investigadores. Era isto que eu estava a querer discutir.
Ainda nesta raiz da discussão sobre métodos e técnicas quantitativas de recolha de dados me referi às ferramentas que se podem usar, na situação de e-questionários:
Sábado, 21 Novembro 2009, 02:52
Bem, de todas as sugestões de ferramentas que até foram dadas pelos colegas, a única que já explorei é a do Googledoc, formulários, referida pela Sandra e seria aquela que iria sugerir. Concordo com o que foi escrito pela Sandra em nome do grupo: Permite investigador criar máscaras de introdução de dados de forma simples e intuitiva (...) 
Enquanto investigadora ainda não usei, mas como professora estou a fazer um questionário que pretende substituir aquele que até aqui usava em suporte papel para avaliação das aulas e que era distribuído aos alunos no final do ano. Por isso, como ainda não apliquei não sei se me será tão fácil a análise de dados como a sua construção. 
Em síntese, parece-me que este foi um dos pontos altos das discussões em Fórum desta uc. As duas raízes da discussão sobre o tema obtiveram um total de 60 respostas. Pessoalmente gostei bastante de participar na discussão.

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