segunda-feira, 8 de março de 2010

Discussão sobre a entrevista na investigação qualitativa - II

O Fórum para discussão e preparação de um guião comum foi aberto no dia 9 de Dezembro. No post inicial, a Professora deu-nos as seguintes orientações:
Chegados a este ponto temos de confrontar as várias propostas. O objectivo é criar um guião comum de modo a que cada um possa conduzir uma entrevista a um amigo dentro de um quadro geral comum.
Por isso, para além de aspectos de pormenor que deixo à vossa análise, ficam já aqui duas questões para discussão:
1) uma equipa equaciona a possibilidade de as entrevistas serem presenciais; outros dois grupos colocam a hipótese de serem online; o que vamos decidir?
2) um dos guiões coloca a hipótese de preparar a entrevista pensando á partida em questões objectivas, do tipo sim ou não, ou de escolha múltipla; será adequado para uma entrevista semi-estuturada que se insere numa metodologia qualitativa?
Os Guiões, entretanto, já tinham sido disponibilizados pelas várias equipas para análise:
Grupo Viagens

Fiz a minha primeira intervenção a 11 de Dezembro, procurando responder às questões iniciais do debate:
Em relação à primeira questão, parece-me que será uma discussão semelhante àquela que se desenvolveu a propósito dos e-questionários. A diferença aqui residirá no facto de termos de tomar uma decisão, já que as entrevistas irão ser feitas e o grupo / turma deverá ter um procedimento semelhante.
Parece-me que, decorrendo o curso em regime online, se deveria, também, usar esse registo para efectuar as entrevistas. Claro que poderá acontecer algum de nós não ter amigos que usem ou saibam usar a internet e / ou as ferramentas disponíveis para realizar as entrevistas online. Poderá ser um factor a ter em conta e ponderá-lo no guião comum.
Quanto à segunda questão, e de acordo com a literatura lida e analisada, parece-me que uma entrevista semi-estruturada não será compatível com a elaboração de questões objectivas, com itens de resposta fechada.
Neste tipo de entrevista pretende-se que o entrevistado fale sobre determinados assuntos, relacionados entre si, podendo a ordem das questões ser alterada, se se verificar que o diálogo possa ser mais frutífero. Julgo mesmo que, neste contexto, as perguntas feitas, no momento, poderão ser alteradas, se o entrevistador entender que dessa forma poderá recolher informações que possam facilitar a análise de outros dados.

Mais tarde, no dia 14 de Dezembro, em resposta a um colega (Alexandre Monteiro) sobre o tipo de perguntas, escrevi:

...todos os grupos utilizam perguntas objectivas, do tipo sim ou não, o que consequentemente se ínclui na escolha múltipla, senão vejamos:...
Realmente, aparentemente, parece-me que poderíamos considerar essas perguntas objectivas. E se à frente delas estivessem dois espaços em branco com SIM e NÃO para resposta, não teria qualquer dúvida em afirma que se tratavam de itens objectivos. No entanto, no nosso caso estamos a falar de perguntas que vão ser feitas a alguém em sincronia, portanto, quer pela escrita, no caso de se usar a escrita, quer pela voz, quer pela expressão facial (se for presencial) teremos, certamente, oportunidade de prolongar essa resposta que num questionário se traduziria apenas por uma cruz no SIM ou no NÃO.
Concordo plenamente consigo, quando escreve: o que realmente interessa é que no fim da entrevista todos os temas propostos tenham sido cobertos (Wilson, 1985), independentemente da ordem...
Já não me parece que a forma e o tipo das questões colocadas sejam irrelevantes.
Julgo que, pelo que interpretei das leituras que fiz, que o que distingue a entrevista semi-estruturada da estruturada e não estruturada, não será tanto a forma ou o tipo de questões, mas residirá mais sobre quem tem o controlo da entrevista.
No caso de uma entrevista estruturada, claramente, é o entrevistador quem 'manda'. Pelo contrário, na entrevista não estruturada, o entrevistado controla a situação, isto é, é-lhe dada a liberdade de discorrer sobre um determinado assunto, ocorrendo a entrevista numa espécie de conversa informal.
A semi-estruturada será aquela em que o papel do entrevistador não será tão controlador como na estruturada, mas tem já, dentro de um tema aglutinador, vários assuntos que quer que o entrevistado desenvolva e, por isso, irá orientar o entrevistado nesse sentido.
Aproveito este raciocínio para registar que, depois de (re)ler todas as propostas de guiões, incluindo a do grupo a que pertenço, me parece que de uma forma geral e, no que respeita, concretamente, os exemplos de perguntas, estaremos a ser um pouco rígidos de mais...pensativo

A discussão foi bastante participada - 58 respostas. Foi criado na Plataforma, pela Professora, um wiki só para o guião comum da entrevista, cuja construção se iniciou no dia 14 de Dezembro, por iniciativa do colega Paulo Simões. E depois de discutidos vários aspectos, o wiki ficou concluído a 21 de Dezembro, resultando num documento que traduz  a leitura das várias propostas das equipas feita pelo Grupo/Turma. Participei quer na discussão quer na construção do Guião comum e, novamente, porque houve, tal como na construção do Guião em grupo, um trabalho coeso e de cariz colaborativo, não me parece relevante destacar qualquer das minhas intervenções, uma vez que o que se pretendo sublinhar é, precisamente, o carácter colaborativo do trabalho desenvolvido. Reuni as várias páginas do wiki num documento que disponibilizei aqui [http://www.scribd.com/doc/28056032/Guiao-da-Entrevista-Wiki-Turma].
A 7ª parte – realização de e-entrevistas no terreno - desta actividade teve início a 3 de Janeiro com a abertura de nova raiz no Fórum de discussão das entrevistas. O prazo acordado para a conclusão desta tarefa foi cerca de uma semana.
A minha entrevista foi realizada no messenger a um amigo que conheci pela Internet através do meu blog pessoal e demorou duas horas.  Procedi à transcrição da entrevista para um documento que publiquei aqui [http://www.scribd.com/doc/28057361/Transcricao-da-Entrevista].

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