sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Discussão sobre processo de investigação (Parte II)

Aproximando-se o  final do período previsto para a discussão sobre o Processo de Investigação, a Professora lançou-nos o seguinte repto:

Suponham que um(a) colega vosso(a) estava a preparar um projecto de investigação para uma dissertação. Suponham que nesse projecto faltavam alguns passos.
Suponham que faltava:
 1. a formulação do problema de investigação? que consequências?
2. a explicitação dos objectivos da investigação? que consequências?
3. a revisão da literatura (estado da arte à volta da problemática em que se insere o problema)? que consequências?
4. a caracterização da amostra ou do caso a estudar? que consequências?
5. a caracterização das técnicas de recolha de informação ou dos dados a recolher e da especificação de como se vão aplicar? que consequências?
6. a previsão das técnicas de análise de dados a que se vai proceder?
7. as referências bibliográficas já trabalhadas?

Respondi da seguinte forma, intitulando a minha participação como Revisão do projecto:

Este problema aqui colocado pela Professora deixar-me-ia preocupada se tivesse de dar a minha opinião ao/à colega que estivesse a preparar esse projecto de investigação para uma dissertação. Isto porque, me parece, que, se os passos apontados estivessem em falta, a/o colega teria de (re)iniciar o seu projecto de dissertação.
Tendo como paradigma, por exemplo, o fluxograma da equipa Encontros, faltando os passos 1, 2 e 3 a fase exploratória não se concretizaria. Logo, todo o projecto ficaria condicionado. Por seu lado, seguindo o fluxograma da equipa Suspeitos do costume, a ausência do passo 4 condicionaria o esquema do trabalho, a calendarização e a selecção do método da recolha de dados.    
A falta da caracterização das técnicas de recolha de informação ou dos dados a recolher e da especificação de como se vão aplicar, no caso do fluxograma da equipa Descobrimentos, iria impedir a concretização da fase da interpretação e conclusões.
Nesta leitura, procurei encaixar nas várias etapas dos fluxogramas os passos iterados pela professora. Não estou completamente segura de ter feito a interpretação adequada, uma vez que as designações são díspares e há alturas em que os conceitos se confundem e tenho dificuldades em ser objectiva. Por isso, é com muitas reticências que formulo a próxima constatação e que se prende com os dois últimos passos. Procurando integrá-los em fases por nós identificadas nos fluxogramas, parece-me que só poderia sugerir que teriam sido passos considerados pela equipa Viagens. No caso da previsão das técnicas de análise de dados a que se vai proceder, na etapa da fundamentação uma vez que, e apesar de não encontrar paralelo com nenhum dos itens explicitados, na fase seguinte, Investigação, um dos aspectos identificados é utilização das técnicas, instrumentos e meios da recolha de dados, o que pressuporia que antes tivesse sido feita uma previsão não só da recolha de dados, como também da sua análise, já que eles serão analisados na fase seguinte (penúltima). Quanto às referências bibliográficas já trabalhadas, suponho que esse seja um passo que se vá realizando. Explicitamente, não encontro em qualquer dos fluxogramas referências a ele. Talvez possamos considerar que a equipa Viagens o considera, pelo menos na última fase, já que, nos vários aspectos que itera, refere revisão do documentos final.

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O post será editado a fim de colocar os links que remeterão para os fluxogramas.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Discussão sobre processo de investigação (Parte I)


Estando a segunda discussão, em Fórum, a terminar, considerei, mais do que pertinente, necessário, deixar aqui o registo da minha participação no primeiro Fórum de discussão, dedicado à discussão geral sobre os assuntos em estudo no Tema 1 - Processo de investigação.
Descrevo, sumariamente, a minha participação no que respeita a contribuição para a discussão e domínio dos conteúdos, usando, como forma de ilustrar as participações no Fórum, total ou parcialmente, que por uma questão de distinguir  ficarão em destaque em fundo rosa claro.
Num dos temas / problemáticas aberto - Paradigmas e métodos de investigação em Educação - intervim no momento em que a Professora, fazendo um ponto da situação, nos sugeriu que fizéssemos a distinção entre paradigma e método.
Na sequência dessa solicitação e procurando enriquecer a prestação de uma colega, escrevi o seguinte:
O paradigma é o referencial para a investigação. Consoante os motivos que levam o investigador a desenvolver a sua pesquisa, teremos 3 paradigmas passíveis de ser seguidos:
 - Paradigma quantitativo / positivista - interessa-se por controlar e prever os fenómenos;
 - Paradigma qualitativo / interpretativo - interessa-se por compreender;
 - Paradigma crítico/emancipatório / sócio-crítico - interessa-se por intervir na situação ou contexto.
A razão pela qual escolhi esta referência, como ponto de partida para a minha intervenção, tem a ver com a forma como a autor estabelece a ligação entre o paradigma e o método. Parece-me bastante clara e, distinguindo entre paradigma e método, esclarece-nos quanto à relação entre os dois conceitos, sendo que método será a forma, a ferramenta, que o investigador usa. Por isso, penso que fará todo o sentido que, se o paradigma for quantitativo, o método seja também quantitativo, por exemplo.

Na passagem do nível paradigmático para o estritamente metodológico e sem preocupações por um estabelecimento de correspondências directas paradigmas/orientações metodológicas, digamos que a maioria dos autores consultados coincide numa proposta de classificação semelhante à adoptada e que passa pela distinção entre estudos quantitativos, estudos qualitativos e estudos que, por envolverem características híbridas ou por não se integrarem em qualquer uma das categorias anteriores serão designados por estudos mistos. (pp. 3, 4)

Este registo foi construído com base na seguinte comunicação: Aspectos metodológicos da investigação em tecnologia educativa em Portugal (1985-2000).

Na outra problemática aberta -  As etapas do processo de investigação -, de novo, após uma intervenção da professora, procurei responder à questão colocada (saber se todo o investigador social tem de definir e partir de hipóteses) com base nas leituras feitas, no entanto, e porque, na altura, não senti necessidade de reler a reflexão que fizera e cujo registo já publicara, inclusive aqui, respondi afirmativamente. Um dos colegas interagiu comigo, levando-me a sentir necessidade de reler o texto e confirmar que, de facto, a minha participação não estaria bem fundamentada já que os autores a que me reporto não consideram que o investigador tenha de definir e partir de hipóteses. Isto é, quando escrevo "...com base nesta referência, parece-me que a resposta é afirmativa uma vez que nessa fase divergente se abre um leque de hipóteses que depois são filtradas na segunda fase - a convergente...", baseei-me na tradução que fiz do seguinte excerto: The divergent phase will open up a range of possible options facing the researcher, whilst the convergent phase will sift through these possibilities,. Ora, eu traduzi a range of possible options por um leque de hipóteses  . Parece-me que a minha conclusão terá sido precipitada, uma vez que traduzi por hipótese  aquilo que deveria ter sido traduzido, provavelmente, e seguindo um tradução mais à letra por opções. Assim, a observação do colega foi bastante pertinente e permitiu que eu revisse as minhas leituras.

De facto, e se tivermos em conta que para esta discussão nos foi indicada a leitura de um  estudo de caso (Alves, A. (2007). E-Portefólio: Um estudo de caso), a resposta à questão levantada pela professora deveria ter sido negativa.  Sendo o estudo de caso uma  abordagem metodológica de investigação, cujo objectivo geral será explorar, descrever, explicar, avaliar e/ou transformar, o investigador social não tem de definir e partir de hipóteses.

No capítulo intitulado Language of Research, Trochim (2006), quando define hipótese escreve o seguinte:

An hypothesis is a specific statement of prediction. It describes in concrete (rather than theoretical) terms what you expect will happen in your study. Not all studies have hypotheses. Sometimes a study is designed to be exploratory (see inductive research).

Portanto, um estudo de carácter exploratório do tipo indutivo não se define a partir de hipóteses. Na tese analisada, esse aspecto está bastante claro no Capítulo 3 – Metodologia adoptada e descrição do estudo, quando a autora explica as razões da adopção do estudo de caso único como desenho de investigação, justificando a opção metodológica (pág. 104):
 
A nível metodológico, esta investigação baseia-se no método indutivo uma vez que se pretende estudar o desenvolvimento da implementação do portefólio de uma forma sistemática e holística, à medida que os dados emergem.

Parece-me que esta última reflexão deveria ter sido efectuada, na altura da discussão. Poderia ter valorizado a minha participação no Fórum e proporcionado  eventuais feedbacks dos colegas.


Publicarei, ainda sobre a discussão deste tema, outro post, desta vez sobre os fluxogramas elaborados pelas várias equipas - uma leitura que fiz, após um repto lançado pelo Professora no contexto da Análise das etapas planeada.
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sábado, 14 de novembro de 2009

Ponto da situação - de 25 de Outubro a 13 de Novembro

Onze dias de silêncio permeiam o último post e este novo Ponto da situação.
Entre estes dois momentos, teve lugar, num Fórum criado para o efeito, a discussão sobre o Processo de investigação - primeiro tema de aprendizagem da uc. de Métodos de Investigação em Contextos Online.
Oportunamente, darei conta da minha participação nessa discussão. Para já, a minha percepção diz-me que durante a discussão houve questões que não terão sido desenvolvidas, nomeadamente, como caracterizar um estudo de caso, em investigação.
Procurei completar essa situação com a leitura e análise de um artigo da autoria de Clara Pereira Coutinho e José Henrique Chaves - O estudo de caso na investigação em tecnologia educativa em Portugal e ainda com um dos recurso agregado, ao MICO, pela Teresa FernandesEstudo de caso.
Assim, e paralelamente às leituras que tenho feito na preparação do novo tema - A recolha de dados -, tenho procurado na Web registos semelhantes a este - e-portefólio - que testemunhem o trabalho desenvolvimento no âmbito do estudo da metodologia de investigação em contexto online. Encontrei, agregado pela Sandra Brás, no MICO, o seguinte Blog: Webfolio de Investigação Educacional. Gostei da sua estrutura e nos postes que já li usa-se uma linguagem muito clara e objectiva, reunindo um conjunto de referências e links que me  poderão ajudar nesta tarefa de construção de um e-portefólio na área da metodologia de investigação. Para já, utilizarei, na identificação dos Pontos de situação, a referência às datas a que os mesmos se reportam, seguindo um procedimento semelhante ao do autor do blog, Mário Santos, nos balanços da semana.
Outro blog que encontrei, resultado de pesquisas feitas através do motor de busca Google, foi: Metodologias de Investigação II, um registo reflexivo do trabalho realizado nas sessões presenciais, da disciplina de Metodologias de Investigação II, em 2005 ( Mestrado em Educação na Faculdade Ciências Universidade de Lisboa), da responsabilidade de João Filipe Lacerda Matos. Agreguei o blog ao MICO, atribuindo-lhe a tag métodos de investigação, no entanto, a razão pela qual encontrei esta referência foi pela pesquisa que fazia a propósito do Estudo de caso.
A terminar, indico que além da tag Diário, marcarei este post, também, com a tag Organização, uma vez que informo sobre um procedimento que passarei a usar  - referência à data nos pontos da situação -  e que me parece estará relacionado com a organização, um dos aspectos que identifiquei como organizadores do e-portefólio.